Artroplastia Total de Quadril – Materiais

Histórico

 

John Charnley é intitulado o pai da moderna artroplastia do quadril.

 

 

Sir John Charnley (1911-1982)

 

 

Tais estudos datam de 1958, quando foram iniciadas as substituições da articulação do quadril de forma total, com a haste femoral (metálica) articulando-se com o componente acetabular (plástico). Ambos os componentes eram fixados com cimento ósseo.

 

 

 

Indicações

 

Pacientes com artrose dolorosa e incapacitante, refratária (que não responde) ao tratamento conservador (não cirúrgico).

 

Pacientes que merecem atenção especial na indicação:

 

  • Pacientes muito jovens, com imaturidade esquelética

 

  • Doenças neurológicas progressivas

 

  • Déficit da musculatura abdutora (principalmente o músculo glúteo médio)

 

  • Infecção articular recente ou em curso (atual). Os pacientes com histórico antigo de infecção também merecem maior atenção.

 

 

 

Materiais

 

A fixação dos materiais ao osso do paciente pode ser de duas maneiras, tanto ano componente acetabular, quanto no femoral:

 

  • Cimento ósseo (cimentada)

 

  • Crescimento ósseo para dentro do implante (não-cimentada)

 

 

 

    • Componente acetabular cimentado

 

      • Polietileno cross-linked

 

 

Componente acetabular de polietileno cross-linked. A face da esquerda (convexa) é rugosa, para melhor adesão ao cimento ósseo e possui diversos tamanhos (conforme a anatomia do paciente). A face da direita (côncava) é lisa, para articular-se com o componente cefálico (cabeça da prótese), possuindo diversos tamanhos (dependendo do diâmetro do componente cefálico).

 

 

        • Componente plástico de ultra alto peso molecular

 

        • São submetidos a tratamentos especiais para que desenvolvam resistência ao desgaste.

 

        • Possuem diversos tamanhos, tanto externos (devido ao tamanho do paciente), quanto internos (para que seja escolhida o tamanho da cabeça da prótese.

 

        • A face externa entrará em contato com o cimento ósseo, sendo – geralmente – rugosa, com objetivo de melhorar a adesão ao cimento.

 

        • A face interna se articulará com a cabeça femoral, sendo lisa.

 

 

 

    • Componente acetabular não-cimentado

 

 

Componentes acetabulares não-cimentados.

 

 

 

 

 

Acabamento externo do implante. À esquerda, FiberMesh. Ao centro, Plasma Spray. À direita, Porous Coated.

 

 

      • Confeccionado através de diversos materiais, sendo principalmente de titânio ou ligas contendo titânio.

 

      • A fixação se dá através de crescimento ósseo do acetábulo do paciente para dentro do implante.

 

        • FiberMesh

 

        • Plasma spray

 

        • Porous Coated

 

        • Pode haver ainda cobertura em hidroxiapatita.

 

      • São produzidos de diversos tamanhos externos (anatomia própria do paciente) e tamanhos internos (tendo em vista o componente que será acoplado na face interna e o tamanho da cabeça femoral).

 

      • Podem ter furos para colocação de parafusos ou serem sólidos (contínuos, sem furos).

 

      • O insert que irá dentro do componente pode ser de polietileno, cerâmica ou metal (menos utilizado).

 

 

 

    • Componente Femoral (Haste) Cimentada

 

 

 

      • Produzida através de aço inoxidável ou liga de cromo-cobalto.

 

      • Polida e cônica.

 

      • Pode ter tamanhos diferentes em relação ao offset (distância entre o centro da haste ao centro de rotação do cone), tamanho do corpo da haste e comprimento da haste.

 

      • Na parte proximal apresenta o cone, onde o componente cefálico (cabeça da prótese) é acoplado.

 

      • Centralizador acoplado à parte distal da haste. Tem função de centralizar a parte baixa da haste no manto de cimento.

 

      • O cimento ósseo completa o espaço entre a haste e o osso do paciente. Porém, não tem função adesiva.

 

 

 

    • Componente Femoral (Haste) Não-Cimentada

 

 

Componente femoral não-cimentado. À esquerda, somente a haste vista de frente. À direita, a haste vista em perfil, já com o componente cefálico (cabeça) em cerâmica acoplado. Ao centro, a haste com o componente cefálico acoplado e articulado ao componente acetabular não-cimentado.

 

 

      • Produzida através de titânio ou ligas (misturas) contendo titânio.

 

      • Fixam-se ao osso através de pressão inicial (press-fit) e depois por crescimento ósseo do fêmur do paciente para dentro do implante, onde apresenta porosidade.

 

      • A porosidade pode ser distribuída parcialmente na haste, na parte mais alta (proximal) ou totalmente (full coated) em todo o corpo da haste, como na foto acima (representado pelo cinza opaco).

 

      • Pode ter tamanhos diferentes em relação ao offset, tamanho do corpo da haste e comprimento da haste.

 

      • Na porção mais alta (proximal) apresenta o cone (na foto acima, representado pela porção metálica reluzente), onde o componente cefálico (cabeça) é conectado (representado pela cabeça em cerâmica rosa).

 

 

 

    • Componente Cefálico (Cabeça) Femoral

 

 

Componente cefálico femoral (cabeça da prótese). À esquerda, componente produzido a partir de ligas de aço e cromo-cobalto. Ao centro, componente produzido a partir de cerâmica Alumina (amarelo). À direita, componente produzido a partir de cerâmica Biolox-Delta (rosa).

 

 

      • Produzido através de ligas de aço, ligas de cromo-cobalto e cerâmica.

 

      • Possuem tamanhos diferentes, que dependem do seu diâmetro. Normalmente, no Brasil, são utilizados os tamanhos 28, 32 e 36mm.

 

      • Quanto maior a cabeça, maior a estabilidade e o arco de movimento do paciente, assim como diminuição da chance de impacto.

 

      • As cabeças de cerâmica são as preferidas quando o fator desgaste é importante. Existem dois tipos, visualmente diferentes pela coloração:
        • Amarela: Alumina.
        • Rosa: Zircônia + Alumina (Biolox Delta).

 

      • A profundidade do encaixe com o cone da haste é o seu colo, variando conforme a empresa que fornece o material. A fixação ao cone se dá através de pressão.

 

 

 

    • Cimento ósseo

 

 

À esquerda, a mão do cirurgião (luva branca) segura o cimento (verde) em sua fase pastosa. À direita, o cimento ósseo (branco) encontra-se dentro do canal femoral, ainda na fase pastosa, esperando a colocação do componente femoral.

 

 

      • Composto por monômeros de Metilmetacrilato. A junção de inúmeros monômeros formam o polímero, chamado de Polimetilmetacrilato.

 

      • Não tem nenhuma relação com o cimento da construção civil. O cimento ósseo é para utilização em seres humanos, não apresentando toxicidade.

 

      • Inicialmente é um pó. Esse pó é misturado – no momento da cirurgia – a um líquido catalisador. Essa mistura gradativamente se transforma, partindo de um estado líquido, passando a pastoso e depois sólido. O cimento é colocado no paciente em sua fase pastosa.

 

      • Na foto, a mão do cirurgião segura o cimento já em fase pastosa.

 

      • Funciona como um preenchedor de espaços, não possuindo função adesiva.

 

      • A utilização do cimento com antibiótico se tornou muito frequente após estudos demonstrarem que pode reduzir a taxa de infecção, sem alterar as propriedades do cimento.

 

 

 

Pares Tribológicos

 

 

A combinação entre materiais na prótese é permitida e definida com base nas exigências físicas do paciente.

 

 

Os pares tribológicos são a combinação do material que entrará em contato na articulação, um vindo do acetábulo (componente ou insert) e outro do fêmur (cabeça femoral).

 

As variáveis podem ser: metal, polietileno e cerâmica.

 

As combinações podem ser os seguintes (o primeiro nome sempre é a cabeça, e o segundo é o acetábulo):

 

  • Metal – Metal (pouco utilizado)

 

  • Metal – Polietileno

 

  • Cerâmica – Polietileno

 

  • Cerâmica – Cerâmica (quando o aspecto desgaste é muito importante)